O néctar açucarado de toda flor
O ofício de um ofídio que tem que se alimentar
A sanha de alguem que sente dor
Os olhos negros da negra de Oxalá
Lembranças vagas de uma infância familiar
O muralista que a arte o progresso não apagou
O muxoxo murcho de alguém que não sabe amar
A jovem casta a qual a vida deflorou
A violência veicular aos transeuntes
O velar de um cão que perde o seu dono
A planilha de um professor mal pago
O amanhecer de alguem que não tem sono
O meticuloso ministro corruptor
Num país onde a nuga sobra para o povo
Fome, raiva e sede, sem o consolo
Do seu time que já não é mais o vencedor
Mas a vida eu sei há de renovar
Como alguem que espera um grande amor
Amor que com um sorriso chegará
Na velocidade das asas de um beija-flor
Rodrigo Gomes Lisboa
*Dedicado a Carol Costa*

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